Olá! Seja bem-vindo(a) ao nosso blog! Faça, deste espaço, um ambiente de estudo e reflexão! Boa leitura! || "A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O ROMANCE DA GERAÇÃO DE 30

Essa fase caracteriza-se pela denúncia social em que as relações eu/mundo atingem elevado grau de tensão. A literatura de caráter mais construtivo e maduro, aproveitando as conquistas da geração de 22 e sua prosa inovadora.
No período busca-se o homem brasileiro; o regionalismo ganha uma importância até então não alcançada na literatura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social.
Como exemplo disso temos o livro O Quinze, de Rachel de Queiroz. Nessa obra é retratada a questão do retirante nordestino, em que grandes proprietários de terras e pobres trabalhadores são igualmente abatidos pelo inimigo comum: a seca.

“Quando Chico Bento e sua família saem do Logradouro em direção à capital, talvez jamais imaginou que fossem tragados pela seca ao ponto de perder sua conduta moral, aqui ele ouvindo estas palavras do dono da cabrita por ele abatida, percebe-se um pobre diabo vencido pelo espaço, sem forças para ir avante, diferente do Chico). A Cordulina gorda de antes, agora diante dos seus olhos definhada, tiza, sem forças.”

Observe o quadro de Portinari, Retirantes.



MODERNISMO - SEGUNDO MOMENTO

O segundo momento modernista recebeu a herança de todas as conquistas da geração de 22. Foi um período rico em termo de produção literária, refletindo um conturbado momento histórico, o avanço do nazifascismo e a II Guerra Mundial. Representa um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da geração de 22, entretanto é mais construtiva e politizada.

Observe o poema de Carlos Drummond de Andrade, Poema que aconteceu:


Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
O texto relaciona-se com o desenho abaixo, chamado Desenhando-se, de Escher. Na obra nota-se a metalinguagem, como no poema de Drummond.

MODERNISMO - PRIMEIRO MOMENTO

O primeiro momento moderno é o mais radical do período. Rompe com todas as estruturas do passado, possuindo caráter anárquico. Essa fase tem um forte sentido destruidor. Ao mesmo tempo que se preocupa com o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de fonte quinhentista, a procura de uma "língua brasileira" e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. Foi onde se iniciaram os manifestos:

 
Foi o primeiro periódico modernista, fruto das agitações de 1921 e da grande festa que foi a Semana de Arte Moderna.

Inicialmente publicada no Jornal Correio da Manhã, nele Oswald de Andrade propõe uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira. Como uma resposta a ela surge a Revista Verde-Amarelismo

O movimento antropofágico surgiu como uma nova etapa do nacionalismo pau-brasil e como resposta ao grupo verde-amarelista



O movimento antropofágico relaciona-se com a tela abaixo de Theodor de Bry, na qual observamos o ritual antropofágico.





Saiba mais sobre o primeiro momento modernista: http://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SEMANA DE ARTE MODERNA

A Semana de Arte Moderna ocorreu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. E iniciou o movimento modernista no Brasil. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo pregava a consciência da realidade brasileira. A Semana transcende sua natureza artística, afinal também foi um movimento de cunho político e social.

Leia o poema Os sapos, de Manuel Bandeira. O texto é característico do Modernismo e rompe com o Parnasianismo. Constitui uma crítica à estética de Olavo Bilac:


Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Observe também a tela Abaporu, de Tasila do Amaral. Note que o personagem do quadro também não possui a estética perfeita.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PRÉ-MODERNISMO

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Carlos Drummond de Andrade, Hino Nacional


O Pré-Modernismo não constitui uma escola literária, pois apresentou fortes individualidades entre os autores da época. Porém alguns pontos são comuns, como: ruptura com o passado, denúncia da realidade brasileira, regionalismo, tipos marginalizados e ligação com a política contemporânea.
A "descoberta de um novo Brasil" é o principal legado desses autores para o movimento modernista. Podemos perceber isso nas obras de Euclides da Cunha, que retratou o Norte e Nordeste (como vemos em Os Sertões); Monteiro Lobato - interior paulista; Graça Aranha - Espírito Santo; Lima Barreto - subúrbio carioca.

Observe a profecia de Antonio Conselheiro: Então o sertão virará praia e a praia virará sertão.

Este trecho serviu de base para a profecia do beato Sebastião no filme Deus e o diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha: E o sertão vai virá mar e o mar virá sertão / o homem não pode ser escravo do homem / o homem tem que deixá as terra que não é dele / e buscá as terra verde do céu.

O sertão realmente virou mar, pois o arraial de Canudos encontra-se submerso nas águas do açude de Cocorobó.

A profecia de Conselheiro também serviu de base para a canção Sobradinho, de Sá & Guarabyra:

O homem chega já desfaz a natureza
Tira gente põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia, vai subir bem devagar
E passo a passo, vai cumprindo a profecia
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão

Antonio Conselheiro

Saiba mais sobre o Pré-Modernismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9-Modernismo

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

VANGUARDA EUROPEIA

As vanguardas europeias são as manifestações culturais que iniciaram no século XX, na Europa. Elas representaram a ruptura do Simbolismo e passou a designar aqueles que estiveram à frente do seu tempo. Ou seja, os artistas não satisfeitos com o que se fazia, buscaram novas formas de expressão.

O movimento Futurista exaltava a vida moderna, da máquina, da velocidade. Os futuristas queriam mostrar a vida moderna através da arte cheia de movimento e força. Observe essas características na tela de Umberto Boccioni, O barulho da rua invade a casa, em que a mulher na sacada parece escutar os sons da cidade, remetendo à modernidade.


Podemos relacionar o quadro com o poema Ode triunfal, de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa):

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!


O expressionismo surgiu em 1910 preocupado com o mundo interior e a maneira de expressá-lo. Os expressionistas são mais afetados pelo sofrimento humano do que pelo triunfo. A pintura O grito, de Edvard Munch retrata bem a fase expressionista.



O Cubismo valoriza as formas geométricas ao revelar um objeto em seus vários ângulos. A proposta cubista era focada na liberdade do artista para decompor e recompor a realidade. Um dos artistas mais notáveis desse movimento foi Pablo Picasso. Observe como desconstruídas são as moças do quadro, mas mesmo assim são retratadas com a perfeição característica de Picasso.


O Dadaísmo nega o passado, o presente e o futuro, representando a total falta de perspectiva diante da guerra. Importante era criar palavras de sonoridade, quebrando o significado, era ressaltado o grito contra o capitalismo e o mundo em guerra. Leia os versos de Para fazer um poema dadaísta, de Tristan Tzara:

Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.

Esta obra do dadaísta Marcel Duchamp representa o conceito dito pelo artista:
Uma obra de arte pode ser qualquer coisa mas nunca pode ser uma coisa qualquer.


Por fim, o Surrealismo está em busca do homem primitivo, da liberação do inconsciente, da valorização do sonho. O surrealista Salvador Dalí, por exemplo, foi influenciado pela teoria de Freud. Seus temas recorrentes são o sexo, a memória, o sono e o sonho, como observamos no quadro Sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo Antes do despertar:



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

SIMBOLISMO

O Simbolismo brasileiro tem como principal representante Cruz e Sousa. E, assim como o Parnasianismo, estendeu-se até a Semana de 22. O Simbolismo não é identificado como o término do período realista, pois na mesma época três escolas caminharam paralelamente: Realismo, Simbolismo e Pré-Modernismo.
A época simbolista caminhou à margem da literatura acadêmica e repudiou o Realismo e suas características. Valoriza as manifestações espirituais, correspondendo também a negação ao Naturalismo e Parnasianismo.

Observe o quadro A jovem e a morte, de Marianne Stokes:


Você consegue considerar toda a carga simbolista retratada? A presença espiritual? Agora vamos relacionar a tela com o poema de Cruz e Souza, Música da Morte:


A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh'alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa ...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia
sobe, numa volúpia dolorosa ...

Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina ...

E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina ...


Saiba mais sobre o Simbolismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Simbolismo

PARNASIANISMO

O Parnasianismo é uma manifestação poética cuja estética é “a arte pela arte” ou “a arte sobre a arte”. Essa fase prolongou-se até a Semana de Arte Moderna, em 1922. A poesia parnasiana é anti-romântica e cultua a perfeição da forma.
Essa perfeição pode ser considerada por meio da análise dos sonetos (dois quartetos e dois tercetos), a métrica dos versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e também decassílabos. Os autores parnasianos utilizavam rimas ricas, opondo-se aos versos românticos que eram livres e brancos.

Observe os versos de Olavo Bilac, A um poeta:


Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Nessa poesia, Bilac se manifesta sobre o ofício de ser poeta, remetendo àquela característica da “arte pela arte”, lembram? Assim também fez Carlos Drummond de Andrade, poeta modernista.

Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.


Olavo Bilac

Saiba mais sobre o Parnasianismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

REALISMO E NATURALISMO

"O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade” – Eça de Queirós


No post anterior falamos sobre a geração condoreira, lembram? Essa fase já expressava o fim do Romantismo, já que se instaurava uma poesia polítco-social, sendo romântica somente no formato e expressão. Era o pré-Realismo.
As obras realistas eram objetivistas, opondo-se ao subjetivismo romântico. Cultivado no Brasil por Machado de Assis, o romance realista desse é voltado para a análise psicológica dos personagens, muito centrada no indivíduo. Já o romance naturalista é marcado pela análise social a partir de grupos marginalizados na sociedade, é a valorização do coletivo.

Veja este quadro de Honoré Daumier, chamado Os ladrões e o asno:



Aluísio Azevedo, naturalista, estimou tanto os instintos do homem que o comparava a animais: tinha ancas de vaca do campo; morreu estrompado como uma besta puxando carroça. Ao compararem seus personagens com animais, os naturalistas diferenciam-se muito dos românticos.
Os autores do Romantismo comparavam seus personagens a animais para indicar beleza, enquanto os naturalistas enfatizavam a animalidade em si, como notamos no quadro acima. Nele os homens lembram bichos seja pela disposição dos corpos ou pela expressão facial.

Quanto ao Realismo podemos comparar a retratação da realidade nua e crua, sem embelezamentos e subjetividade. O quadro do francês Gustave Caillebotte, Raspando o assoalho, mostra trabalhadores com se fosse uma fotografia informal sem enquadramento específico. Não mostra espontaneidade dos trabalhadores retratados, pois estes estão somente fazendo seu trabalho. Super realista, não?


Sugestão de filme: Madame Bovary (1991) - O filme é baseado no livro de Gustave Flaubert. Conta a história de Emma Bovary, uma mulher entediada no casamento que busca o adultério. Por conta do enredo o livro, de caráter realista, causou incômodo na sociedade do século XIX.
Leia um trecho do livro:

"... Despia-se brutalmente, arrancando o fino cordão do seu corpete que lhe sibilava ao redor das ancas como o escorregar de uma cobra. Ia na ponta dos pés nus ver ainda uma vez se a porta estava fechada; depois, com um único gesto, deixava cair, juntas, todas as suas roupas; - e, pálida, sem falar, séria, abatia-se contra seu peito, com um longo estremecimento..."


Saiba mais sobre Realismo e Naturalismo: http://www.coladaweb.com/literatura/realismo-e-naturalismo

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ROMANTISMO NA PROSA

Veja este vídeo escolar que resume bem contexto histórico da prosa romântica:


Na fase da prosa romântica surgiram obras que focavam a descrição de costumes urbanos ou que apresentavam imponentes selvages com os quais o leitor se identifica. Um exemplo disso é a obra Iracema, de José de Alencar, cuja personagem era conhecida como a virgem dos lábios de mel.


Iracema, de Antônio Parreiras

A prosa acontece no Ceará e fala da identidade nacional focada no cearense. Iracema representa o colonizado brasileiro enquanto Martim é o colonizador. Do relacionamento entre colono e colonizado nasce Moacir, que significa o filho da dor.
Quais refêrencias tiramos do texto Iracema (cujo nome é um anagrama para América)?
Perceba a relação da história de Alencar e a canção de Chico Buarque. O cantor parece querer romper Iracema das amarras dos europeus, mostrando que ela (no caso o brasileiro) é um ser livre e que também já não se prende mais às suas origens.

Iracema voou
Para a América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá
Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudade do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita
Me liga a cobrar
É Iracema da América


ROMANTISMO NA POESIA

O Romantismo é considerado por muitos estudiosos como o verdadeiro início da literatura nacional. As principais características desse período literário são o individualismo, o predomínio da imaginação e não da razão, o excesso de sentimentos e emoções.
Nessa fase foi rompido o aspecto formal do poema, desviando-se das normas e padrões do Classicismo. O Romantismo foi dividido em três gerações: a primeira era nacional ou indianista; a segunda mal-do-século; e a terceira a geração condoreira.

Quadro "Moema", de Victor Meirelles - retrata o indianismo e a identidade nacional

A primeira fase foi assinalada pela exaltação à natureza, retorno ao passado e a criação de um herói representado pelo índio. Já no segundo período romântico, muito influenciado por Lord Byron, impregnou-se o egocentrismo, negativismo e pessimismo em relação à vida.
Por fim, veio a geração condoreira ou terceira geração, caracterizada pela poesia social e libertária. Essa última fase foi muito influenciada por Victor Hugo e é chamada de condoreira porque o condor foi o símbolo adotado pelos jovens românticos.

Observe o trecho do poema A T..., de Álvares de Azevedo (segunda geração):


Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!

Veja como dialoga com a canção Meu bem-querer, do cantor Djavan. No poema e na música percebemos que o homem presta uma "vassalagem amorosa" à mulher, assumindo um comportamento que se assemelha ao dos cavaleiros medievais, uma das características do período.


Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor
Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor

Por fim, não podemos falar de geração condoreira sem falar de Castro Alves. Conhecido como poeta da liberdade, tem como obra principal O Navio Negreiro. Esse tem caráter épico e retrata a situação do escravo. A luta abolicionista foi um dos ideais do autor.
Assista ao vídeo abaixo em que Paulo Autran recita o poema de Castro Alves. As imagens são do filme Amistad, dirigido por Steven Spielberg.