Olá! Seja bem-vindo(a) ao nosso blog! Faça, deste espaço, um ambiente de estudo e reflexão! Boa leitura! || "A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

domingo, 30 de outubro de 2011

ARCADISMO

Para falar sobre o Arcadismo vamos assistir a este vídeo feito pelo Grupo iPed. Note que o Arcadismo tem espírito claramente reformista. Esse movimento pretendia reformular a instrução, os costumes, as atitudes sociais, uma vez que é manifestação artística.



 


O que mais podemos destacar do movimento Árcade são as inspirações na natureza, criando assim os conceitos de Fugere Urbem e Carpe Diem (fugir da cidade / aproveite o dia). Os seguidores do Arcadismo prezavam pela vida simples, bucólica e pastoril. Observe essas características no soneto de Cláudio Manuel da Costa:

VI

Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver-vos outra vez, se isto é verdade!
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
Com que Fílis entoa a voz cadente!

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
Tudo me está causando novidade:
Oh! como é certo que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente!

Recebi (eu vos peço) um desgraçado,
Que andou até agora por incerto giro,
Correndo sempre atrás do seu cuidado:

Este pranto, estes ais com que respiro,
Podendo comover o vosso agrado,
Façam digno de vós o meu suspiro.

Veja também as características árcades no quadro do pintor francês Watteau. Em vários de seus quadros a elite está no campo:


Também não podemos deixar passar em branco a obra de Tomás Antônio Gonzaga. Seu principal trabalho é Marília de Dirceu, que foi inspirado em um romance real do autor com Maria Dorotéia. Nas liras também podemos perceber a exaltação à natureza:

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
mais as finas lãs, de que me visto

Uma sugestão de leitura para alunos mais novos é o livro A Ladeira da Saudade, de Ganymédes José. A trama acontece em Minas Gerais e fala sobre dois adolescentes que revivem a história de Marília de Dirceu.



Saiba mais sobre o Arcadismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcadismo

domingo, 23 de outubro de 2011

BARROCO

Veja esta imagem. É a Igreja de São Francisco, em Salvador (BA). O que chama atenção?



A igreja é toda em ouro, rica em detalhes e com muitas imagens religiosas. É um modo muito ornado, como disse Mário Quintana:

"O estilo muito ornado lembra aqueles antigos altares barrocos, tão cheios de anjinhos que a gente mal conseguia enxergar o santo"

É essa a principal característica do estilo Barroco: o culto exagerado pela forma, jogo de ideias, assimetria e rebuscamento.
O termo barroco abrange as manifestações artísticas entre 1600 e início de 1700; englobou todas as vertentes da arte: literatura, música, pintura, etc.
Na literatura, o Barroco é considerado por muitos o primeiro estilo literário brasileiro [lembram-se sobre as questões a cerca da literatura quinhentista ser ou não brasileira?], mas seus principais poetas, Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, tiveram suas vidas divididas entre Brasil e Portugal. Na escultura temos Aleijadinho como o principal artista barroco brasileiro.
O Barroco nasceu da crise dos valores renascentistas, nessa época o homem vivia um estado de tensão e desequilíbrio. Por isso, partiu para o rebuscamento que é reflexo do conflito entre o terreno e o divino, homem e Deus, entre a religiosidade medieval e o paganismo renascentista.

Veja este poema de Gregório de Matos:

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,

Pois que feito Jesus em partes todo,

Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,

Um braço, que lhe acharam, sendo parte,

Nos diz as partes todas deste todo.

 

Ao abraço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram

 

É árduo compreender a mensagem do ‘Boca de Inferno’, como era chamado Gregório, numa primeira leitura, não é? A linguagem é rica em detalhes, mensagens implícitas e é necessário que o leitor tenha muita atenção ao interpretar o poema. Você não sente a mesma coisa ao observar esta escultura de Aleijadinho?

 


Na montagem da Santa Ceia feita por ele, as imagens remetem à religião, mas revelam a agitação do gestos e olhares dos apóstolos ao ouvirem Cristo.


Saiba mais sobre o Barroco: http://pt.wikipedia.org/wiki/Barroco

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

LITERATURA DOS JESUÍTAS

Nesta mesma época do descobrimento, que chamamos de Quinhentismo, surge outro tipo de literatura: a jesuítica. A preocupação dos jesuítas ao chegarem ao Brasil era catequizar os índios e fazer com que os portugueses não perdessem o vínculo com a religião nessa nova terra. Além disso, lutavam contra a reforma protestante e com isso fundaram a Companhia de Jesus.
Um de seus principais jesuítas foi José de Anchieta. Ele fomentou o discurso religioso por meio de teatro, cujo caráter era pedagógico, e também escrevendo para os que ficaram na Europa sobre as impressões do Brasil Colônia. Você concorda com a atuação dos jesuítas na época Quinhentista? Foi um bem ou um mal para os índios?
Esse tipo de discussão é sempre colocado em pauta e divide opiniões. Anchieta escreveu a primeira gramática do tupi-guarani, por outro lado o jesuíta sempre colocou em suas peças o mal representado pelos índios e o bem pelos santos católicos.

Na pintura de Rodolfo Amoedo (1883) podemos perceber a situação do índio na época do descobrimento. A tela foi inspirada na literatura indigenista. Note a paisagem escura perante a situação do tamoio, em uma terra que para os colonizadores era colorida.


A canção "Índios", da banda Legião Urbana, utiliza a angústia do índio colonizado como metáfora para falar de confiança e até ingenuidade:



Saiba mais sobre a reforma e contra-reforma: http://www.suapesquisa.com/protestante/

LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Não tem como falar das origens de nossa literatura sem citar a Carta a El-Rei Dom Manuel, composta por Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Cabral. A epístola pode ser considerada o início de nossa literatura tupiniquim. Mas por que, se foi feita por um português?
O texto possui características literárias acentuadas em sua narrativa, além de meditar sobre a visão de mundo do homem lusitano, que dominou os três primeiros séculos da literatura brasileira. Nesse momento o Brasil era colocado na categoria de “objeto de uma cultura, o ‘outro’ em relação à Metrópole”, como justifica Alfredo Bosi.

Nos vídeos abaixo vocês poderão entender melhor como foi a impressão dos portugueses ao chegar em terras brasileiras. São vídeos escolares produzidos por alunos do Colégio Pedro II - Realengo e Escola Viva. Foram adaptações livres de "A carta de Pero Vaz de Caminha".





Em Portugal existe uma escultura chamada "Monumento aos Descobrimentos". Está localizada em Belém, Portugal, às margens do Rio Tejo. Esta obra foi criada para homenagear as descobertas portuguesas e representa 33 personalidades ligadas a essa fase da história. Nossa amiga Paula Caiban já esteve lá! Lindo, né?

        
 

A carta de Pero Vaz de Caminha também inspirou (sob uma nova ótica) poetas do Modernismo, como Murilo Mendes. Veja este poema chamado "A carta de Pero Vaz":

A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias.
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d'aqui.

domingo, 16 de outubro de 2011

INTERTEXTUALIDADE NA ARTE

Podemos definir a intertextualidade como a relação entre dois textos literários ou não. Sabemos que toda obra direta ou indiretamente é oriunda de outra, por isso é possível encontrar em obras diferentes abordagens acerca do mesmo assunto.
Apresentaremos agora, considerando a forma e o estilo, a associação realizada entre textos literários e pinturas, a fim de exemplificar diálogos entre textos, verificando as semelhanças e a inter-relação que comentamos anteriormente:
Van Gogh. Café Noturno.



Alucinação de mesas
que se comportam como fantasmas
reunidos
solitários
glaciais.

Carlos Drummond de Andrade. Farewell. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1996, p. 33

Sandro Botticelli - O nascimento de Vênus.

A perfeição, a graça, o doce jeito,
A Primavera cheia de frescura,
Que sempre em vós floresce;
a que a ventura
E a razão entregaram este peito.



Frans Post. Povoado no
Basil.



A luz de três sóis
ilumina as três luas
girando sobre a terra
varrida de defuntos.
Varrida de defuntos
mas pesada de morte:
como a água parada,
a fruta madura.
João Cabral de Melo Neto.
Poesias completas. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968, p. 341.


Santa Rosa. Madrugada.







Não vê que me lembrei lá no norte, meu
Deus!
muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem (...)
Depois de fazer uma pele com a
borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...


Mário de Andrade. Descobrimento. (Dois
poemas acreanos) In: Poesia completa. Belo
Horizonte/Rio de Janeiro: Villa Rica, 1993, p. 203.



Fonte: INEP – Enade 2008 /Letras
Luis de Camões. Obras. Porto: Lello & Irmãos, 1970, p. 50.

A ARTE

O que seria arte para você? Qual a melhor maneira de defini-la?
Poesia, pintura, arquitetura, teatro, música, escultura – essas são algumas dentre as variadas manifestações de arte. Os artistas não só recriam a realidade como também ultrapassam barreiras. Eles são como mágicos, que modelam o mundo de acordo com suas próprias ideias.
Um caso que ilustra bem esse poder mágico da arte é o do pintor Cândido Portinari, que retratava os meninos de sua cidade natal, Brodósqui, brincando em gangorras. Quando questionado sobre isso, simplesmente respondia: “gosto de vê-los assim, no ar, feito anjos”.


Um poema que relaciona muito bem esse jeito do artista recriar seu próprio mundo é “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar:

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?


De Na Vertigem do Dia (1975-1980)



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

BEM-VINDOS AO BLOG 'DO TEXTO AO CONTEXTO'

    
Nossa proposta ao criarmos este sítio é que possamos viabilizar o acesso às informações dos diversos períodos literários e à arte. Nosso grupo espera proporcionar aos internautas acesso à arte e cultura, por meio de informações sobre períodos literários, utilizando diversas obras de arte (textos, quadros, esculturas, fotografias, vídeos) relacionadas ao período em questão.
Queremos fomentar conhecimento cultural, possibilitar a interpretação e comparação de  diferentes textos ao período literário apresentado. Por fim, disponibilizar ao visitante do blog a possibilidade de relacionar todo o tipo de arte.
As seções serão dividas por períodos literários, em ordem cronológica. Cada um dos períodos deverá apresentar um texto literário e uma obra de arte, estabelecendo a relação entre as duas, conforme as características do período.
O blogo "Do Texto ao Contexto" é formado por Aline Alves, Débora Mara, Fernanda Menezes, Jéssyka Alves, Jonathan Geronimo, Marcelli Pataro, Mary Ellen e Nathália Ferreira. Escolhemos a obra "A Família", de Tarsila do Amaral, para abertura do blog porque é assim que nos sentimos: membros de uma grande comunidade unidos por um relacionamento fraterno.
Você está convidado a fazer parte desta família! Aproveite!


Fontes:
http://museuvirtualsemanaartemoderna.arteblog.com.br/9585/A-FAMILIA-TARSILA-DO-AMARAL/